"A Sabedoria nos acomoda e revela os mistérios ocultos e sagrados"
Na Idade Madura, o ser, ao tornar-se mais racional, começa a ter uma
"luz interior" alimentada por sólidos princípios que o guiam. Essa "luz
interior" é que, logo após o desencarne, irá distinguir um ser livre de
outro preso aos instintos e impulsos. A divindade que acompanha nosso
fim na carne, assim como nossa entrada, em espírito, no mundo astral, é
Mãe Nanã. Nessa porta de passagem, ela atua sobre o nosso carma,
conduzindo esta transição com calma e serenidade. Mãe Nanã Buruquê é a
maleabilidade e a decantação, é a calma absoluta, que se movimenta lenta
e cadenciadamente.
Essa calma absorvente de Mãe Nanã, exige silêncio;
descarrega e magnetiza o campo vibratório das pessoas, que se modificam,
passando a agir com mais ponderação, equilíbrio e maturidade. Mas,
maturidade não é sinônimo de idade e idade não é sinônimo de sapiência
nem de maturidade. Maturidade é sabedoria, é o desenvolvimento e o
compartilhamento de virtudes, é o uso da razão, com simplicidade,
harmonia, equilíbrio, amor e fé. O ser mais racional, guiado por
princípios virtuosos, tem uma luz que se reflete em sua aura, dando-lhe
um aspecto luminoso, sóbrio e estável, pois resiste aos contratempos que
porventura surjam em sua vida. Essa luz se expande a partir de seu
íntimo e fortalece sua aura. O ser racional, em sua velhice, é o pai e a
mãe preocupado(a) com o bem estar de seus filhos e netos, que sabe se
mostrar agradável aos jovens, por ser extrovertido, sem se tornar
frívolo.... Os seres maduros têm sua religiosidade fundamentada em
princípios abrangentes e consegue sublimar-se muito rapidamente após o
desencarne. Desliga-se do plano material e busca seus afins nas esferas
de luz. Já nos seres presos aos impulsos, sem maturidade, sua luz é
exterior e varia conforme seu estado de espírito. O ser imaturo, quando
atinge a velhice, começa a sofrer muito, por não possuir energias
humanas para alimentar seu corpo emocional e acaba tornando-se apático,
desinteressado, implicante etc. Sua luz vai se exaurindo com o advento
da velhice, num processo oposto ao dos seres maduros. A luz de um ser é a
sublimação de seu espírito humano, que irá se conduzir segundo os
princípios divinos que regem toda a criação...
A orixá Nanã rege
sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos
seres, que, se emocionados, sofrem sua atuação, aquietando-se e
chegando até a ter suas evoluções paralisadas. Ela age decantando-os de
seus vícios e desequilíbrios mentais e preparando-os para uma nova vida,
mais equilibrada. De todos os orixás, Nanã é quem tem um dos mistérios
mais fechados, pois seu lado negativo é habitado por entidades com um
poder enorme e como orixá é fechada às pesquisas de sua força ativa. Ela
desfaz os excessos e decanta, ou enterra, os vícios. Ela é a
maleabilidade e a decantação, pois é uma orixá água-terra. É cósmica,
dual e atua por atração magnética sobre os seres cuja evolução está
paralisada e o emocional desequilibrado. Ela desparalisa o ser,
decanta-o de todo negativismo, afixa-o no seu barro, deixando-o pronto
para a atuação de Obaluayiê, que o colocará numa nova senda evolutiva.
Ela é a divindade ou o mistério de Deus que atua sobre todos os
espíritos que vão reencarnar, pois decanta todos os seus sentimentos,
mágoas e conceitos e os adormece, para que Obaluayiê reduza-os ao
tamanho de feto no útero da mãe que os reconduzirá à luz da carne. Mãe
Nanã envolve o espírito que irá reencarnar, em uma irradiação que dilui
todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória,
preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada
do que já vivenciou. Por isso, ela é associada à velhice, que é quando a
pessoa começa a se esquecer de muitas coisas da sua vida carnal.
Ela
atua na memória dos seres, adormece os conhecimentos do espírito, para
que eles não interfiram com o destino traçado para a encarnação. Como
orixá, sua manifestação é através de movimentos lentos e cadenciados,
porque traz em si uma energia e magnetismo muito forte. Nanã é uma
guardiã que tem seu ponto de força natural, nos lagos, mangues, rios
caudalosos e nos deltas e estuários dos rios. Seu campo de ação está
localizado nos lagos; tudo ali traz uma calma, uma tranqüilidade que não
é encontrada nos outros pontos de força da natureza. No lado místico,
Nanã é a divindade que acompanha nosso fim na carne, assim como nossa
entrada, em espírito, no mundo astral. Nessa porta de passagem, Nanã,
atua sobre nosso carma, conduzindo esta situação com calma, para que o
espírito não tome conhecimento da sua transição de um plano vibratório a
outro. Nanã é também guardiã do ponto de força da natureza que absorve
as irradiações negativas que se acumulam no espaço, criadas pelas mentes
humanas nos momentos de angústia, dor ou ódio. Nanã Buruquê é dual
porque manifesta duas qualidades ao mesmo tempo. Uma vai dando
maleabilidade, desfazendo o que está paralisado ou retificado, a outra
vai decantando tudo e todos os seus vícios, desequilíbrios e
negativismos.
Ela desfaz os excessos e decanta ou enterra os vícios.
Nanã Buruquê forma com Obaluayiê um par natural; são os orixás
responsáveis pela evolução dos seres. Se Obaluayiê é estabilidade e
evolução, Nanã, é a maleabilidade e a decantação que polarizada com ele
e, ambos, dão origem à irradiação da Evolução. Ela atua também na linha
da vida, que no início tem Oxum, estimulando a sexualidade feminina, no
meio tem Yemanjá, estimulando a maternidade e no fim tem Nanã,
paralisando a sexualidade e a geração de filhos, quando se instala a
menopausa. Nanã, é um dos orixás mais respeitados no ritual de Umbanda,
por se mostrar como uma vovó amorosa, sempre paciente com nossas
imperfeições como espíritos encarnados tentando trilhar a senda da luz.
Os santuários naturais, pontos de força regidos por nossa mãe Nanã
Buruquê (os lagos), têm seu próprio campo magnético absorvente
poderosíssimo, que varia de sete a setenta e sete metros, a partir das
margens. Ali reina a calma absoluta, característica que é própria de
Nanã, que se movimenta lenta e cadenciadamente, porque traz em si uma
energia e um magnetismo muito fortes.
Nanã Buruquê é a
maleabilidade e a decantação e atua por atração magnética sobre os seres
com evolução paralisada e emocional desequilibrado. Essa calma
absorvente exige silêncio e descarrega e magnetiza o campo vibratório
das pessoas, que se modificam, passando a agir com mais ponderação e
equilíbrio. Ela desfaz os excessos, decanta o negativismo e os vícios e
os afixa no seu barro. Nanã, quando vibra à esquerda, no seu lado
negativo, é a guardiã do ponto de força das águas estagnadas. A ação
negativa das águas paradas pode tirar o equilíbrio de uma pessoa, de uma
só vez, provocando desequilíbrio e doenças espirituais, ao atuarem
através dos líquidos do corpo humano. O seu ponto de força, quando
orientado para nos auxiliar, é absorvente, mas, quando voltado contra
nós, é destrutivo, desarmonizador e desequilibrador. Nanã é também a
guardiã dos deltas e estuários, locais em que os rios são absorvidos
pelo mar. Ela é a Guardiã do ponto de força da Natureza que absorve as
irradiações negativas, tanto as que são trazidas pelas correntes
magnéticas ao redor da litosfera, quanto as forças negativas criadas
pelas mentes humanas. Esses pontos são como pára-raios, que descarregam
todas as irradiações captadas.
*) – Veja o texto compleo no Manual
Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista Lurdes de Campos
Vieira (Coord.) – Madras Ed.